09 de agosto de 2024
EBITDA: O Que É, Para Que Serve e Como Calcular

No mundo dos negócios e das finanças, o EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation, and Amortization) é uma métrica amplamente utilizada para avaliar o desempenho operacional de uma empresa.
Esse indicador financeiro tem ganhado cada vez mais relevância nas análises de investidores, credores e gestores, por fornecer uma visão clara sobre a capacidade de geração de caixa de um negócio, desconsiderando fatores não operacionais e decisões de financiamento.
Neste artigo, vamos explorar em detalhes o conceito desse indicador, entendendo o que ele representa, para que serve, como calculá-lo.
Além disso, discutiremos as vantagens e limitações dessa métrica, incluindo a importante distinção entre EBITDA e geração de caixa.
Ao final deste artigo, você estará equipado com o conhecimento necessário para utiliza-lo como uma ferramenta valiosa na análise financeira de empresas, na tomada de decisões de investimento e na gestão do desempenho operacional do seu negócio.
O que é ?
O EBITDA é um indicador financeiro que representa o lucro operacional de uma empresa antes das deduções de juros, impostos, depreciação e amortização. Em outras palavras, ele mede a capacidade de geração de caixa de um negócio, considerando apenas suas atividades operacionais e excluindo fatores não relacionados diretamente à operação, como decisões de financiamento e políticas contábeis.
A sigla EBITDA vem do inglês e pode ser traduzida da seguinte forma:
Earnings (Lucros)
Before (Antes de)
Interest (Juros)
Taxes (Impostos)
Depreciation (Depreciação)
Amortization (Amortização)
Ao excluir esses itens do cálculo, o indicador permite uma comparação mais justa entre empresas de diferentes setores e com diferentes estruturas de capital, uma vez que elimina a influência de fatores que podem variar significativamente de uma empresa para outra, como a forma de financiamento (próprio ou de terceiros), a carga tributária e as políticas de depreciação e amortização.
Para que serve ?
Avaliar a eficiência operacional
O EBITDA permite analisar a eficiência operacional de uma empresa, uma vez que se concentra exclusivamente nas receitas e despesas relacionadas às atividades principais do negócio.
Isso facilita a identificação de pontos fortes e fracos na operação, bem como a comparação com concorrentes do mesmo setor.
Comparar empresas de diferentes setores
Por excluir fatores não operacionais e decisões de financiamento, o EBITDA possibilita a comparação de empresas de diferentes setores e com diferentes estruturas de capital.
Consequentemente, ele é útil para investidores e analistas que desejam avaliar o desempenho operacional de empresas diversificadas.
Analisar a capacidade de geração de caixa
O EBITDA é uma proxy para a geração de caixa operacional de uma empresa, pois considera apenas as receitas e despesas relacionadas às atividades principais do negócio.
Isso permite avaliar a capacidade da empresa de gerar recursos para honrar suas obrigações, investir em crescimento e remunerar os acionistas.
Avaliar a alavancagem financeira
Frequentemente utilizamos em conjunto com indicadores de endividamento, como a relação Dívida Líquida/EBITDA, para avaliar a alavancagem financeira de uma empresa.
Essa análise permite verificar se a empresa está gerando caixa operacional suficiente para honrar suas dívidas e se sua estrutura de capital é sustentável.
Definir metas e acompanhar o desempenho
Podemos utilizar o EBITDA como uma métrica para definir metas de desempenho operacional e acompanhar a evolução da empresa ao longo do tempo.
Gestores podem estabelecer objetivos e monitorar o progresso em relação a essas metas, identificando áreas que requerem atenção e tomando medidas para melhorar a eficiência operacional.
Embora seja uma métrica valiosa, é importante lembrar que ele possui limitações e deve ser utilizado em conjunto com outras análises financeiras para uma avaliação completa da saúde e das perspectivas de uma empresa.
Como calcular ?
O cálculo do EBITDA é relativamente simples e pode ser realizado a partir das informações disponíveis nas demonstrações financeiras de uma empresa, especificamente na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). A fórmula básica para o cálculo é:
EBITDA = Lucro Operacional + Depreciação + Amortização
Onde:
Lucro Operacional: é o resultado da empresa antes das despesas e receitas financeiras e dos impostos sobre o lucro.
Depreciação: é a alocação do custo de um ativo imobilizado ao longo da sua vida útil.
Amortização: é a alocação do custo de um ativo intangível ao longo de um período determinado.
Para calcular o EBITDA, siga os passos abaixo:
Localize o Lucro Operacional (ou Lucro Antes dos Juros e Impostos – LAJIR) na DRE da empresa.
Localize os valores de Depreciação e Amortização, geralmente apresentados como custo dos produtos vendidos e despesas operacionais na DRE.
Some o Lucro Operacional, a Depreciação e a Amortização.
É importante ressaltar que algumas empresas podem apresentar o EBITDA diretamente em suas demonstrações financeiras, enquanto outras podem requerer ajustes adicionais, como a exclusão de receitas ou despesas não recorrentes.
EBITDA NÃO é geração de caixa!
Embora seja frequentemente utilizado como uma proxy para a geração de caixa operacional de uma empresa, é crucial entender que ele não representa o fluxo de caixa efetivo do negócio.
O EBITDA é uma medida de lucro operacional que exclui despesas não caixa, como depreciação e amortização, mas não considera outros fatores importantes que afetam o caixa da empresa, como:
Investimentos em capital de giro
O EBITDA não leva em conta as variações no capital de giro, como mudanças nos estoques, contas a receber e contas a pagar. Uma empresa pode apresentar um EBITDA alto, mas enfrentar desafios de caixa devido a um aumento significativo nos estoques ou a um alongamento dos prazos de recebimento de clientes.
Despesas de capital (CAPEX)
O EBITDA não considera os investimentos em ativos imobilizados e intangíveis, conhecidos como despesas de capital ou CAPEX. Uma empresa pode ter um EBITDA elevado, mas precisar realizar investimentos significativos em máquinas, equipamentos ou tecnologia para manter ou expandir suas operações, o que pode pressionar seu fluxo de caixa.
Impostos e juros
Embora o EBITDA exclua impostos e juros do seu cálculo, essas despesas têm impacto direto no caixa da empresa. Uma empresa com alto EBITDA ainda pode enfrentar saídas de caixa significativas relacionadas ao pagamento de impostos e juros sobre dívidas.
Receitas e despesas não operacionais
O EBITDA se concentra apenas nas receitas e despesas operacionais, desconsiderando itens não recorrentes ou não relacionados à atividade principal da empresa, como ganhos ou perdas com a venda de ativos, resultados de investimentos e variações cambiais.
Portanto, é fundamental analisa-lo em conjunto com a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) da empresa para obter uma visão completa da sua capacidade de geração de caixa e das suas necessidades de investimento e financiamento.
A DFC fornece informações sobre as entradas e saídas de caixa reais da empresa, permitindo uma análise mais precisa da sua liquidez e solvência.
Exemplo prático: O EBITDA da Arezzo
Para exemplificar o cálculo e a análise, vamos utilizar os dados da Arezzo, uma das maiores varejistas do Brasil.
Vale lembrar que a despesa de depreciação e amortização não possui efeito caixa, ou seja, sua empresa não irá pagar a depreciação de ativos. É uma despesa meramente contábil.
Para encontrar o EBITDA da Arezzo, basta somarmos a despesa de Depreciação e Amortização ao Lucro Operacional. Para calcular a margem, basta dividirmos o resultado pela Receita Líquida.
Sendo assim, em 2023, a Arezzo gerou um EBITDA de R$ 781,7 milhões e uma margem de 16%, o que representa sua capacidade de geração de caixa operacional.
Para análise completa, compare o EBITDA da Arezzo com outras empresas do varejo e acompanhe sua evolução ao longo do tempo.
Também é fundamental analisar o EBITDA em conjunto com outros indicadores financeiros, como a relação Dívida Líquida/EBITDA e a geração de fluxo de caixa operacional, para obter uma visão abrangente da saúde financeira e da eficiência operacional da empresa.
O Múltiplo de EBITDA em Valuation
Além das aplicações anteriores, o indicador também é amplamente utilizado em processos de valuation de empresas, especialmente por meio do múltiplo EV/EBITDA (Enterprise Value/EBITDA).
O múltiplo EV/EBITDA compara o valor da empresa com sua geração de caixa operacional, sendo assim, ele indica quanto o mercado paga por cada unidade de EBITDA gerada.
Além disso, o Enterprise Value (EV) é calculado somando-se o valor de mercado das ações da empresa (capitalização de mercado) à sua dívida líquida (dívida total menos caixa e equivalentes de caixa). Essa medida representa o valor total da empresa, considerando tanto o capital próprio quanto o capital de terceiros.
A fórmula para o cálculo do múltiplo EV/EBITDA é:
EV/EBITDA = Enterprise Value / EBITDA
Por exemplo, se uma empresa tem um Enterprise Value de R$ 1 bilhão e um EBITDA de R$ 200 milhões, seu múltiplo EV/EBITDA seria:
EV/EBITDA = 1.000 / 200 = 5x
Isso significa que o mercado está disposto a pagar 5 vezes o EBITDA da empresa para adquiri-la.
O EV/EBITDA compara a valorização de empresas do mesmo setor, identificando se estão sub ou supervalorizadas em relação aos pares.
Conclusão
O EBITDA é um indicador financeiro valioso para avaliar a eficiência operacional e a capacidade de geração de caixa de uma empresa, desconsiderando fatores não operacionais e decisões de financiamento.
No entanto, é crucial entender que ele não representa o fluxo de caixa efetivo da empresa e possui limitações. Ele não considera investimentos em capital de giro, despesas de capital, impostos, juros e itens não operacionais, que têm impacto direto no caixa da empresa.
Portanto, o EBITDA deve ser analisado em conjunto com a Demonstração dos Fluxos de Caixa e outros indicadores financeiros para uma avaliação completa.
Portanto, o indicador também é utilizado no valuation, comparando o valor da empresa com sua capacidade de geração de caixa.
Esse múltiplo é uma ferramenta útil para comparar a valorização de empresas do mesmo setor e auxiliar na determinação do valor justo em transações de M&A.
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