13 de agosto de 2024
EVA (ou VEA): O Que é, Para Que Serve e Como Calcular

No mundo dos negócios, a criação de valor é um objetivo fundamental para as empresas. Acionistas, investidores e gestores estão sempre em busca de métricas que possam medir e avaliar o desempenho financeiro de uma empresa de forma abrangente. Uma dessas métricas é o EVA (Economic Value Added), ou Valor Econômico Agregado, em português.
O EVA é uma medida de desempenho financeiro que leva em consideração o custo de oportunidade do capital investido na empresa.
Ele busca determinar se a empresa está gerando retornos superiores ao custo do capital empregado, criando assim valor para os acionistas.
Neste artigo, vamos explorar o conceito do EVA, entender a fórmula de cálculo, analisar as vantagens e limitações, e discutir como o indicador pode ser aplicado na gestão financeira das empresas.
Ao final, você estará equipado com o conhecimento necessário para utilizar o EVA como uma ferramenta valiosa na avaliação do desempenho econômico e na tomada de decisões estratégicas.
O que é?
O EVA, ou Valor Econômico Agregado, é uma medida de desempenho financeiro que, primeiramente, quantifica o valor criado por uma empresa em um determinado período. Consequentemente, ele oferece uma visão clara do valor gerado além do custo de capital.
Sendo assim, calculamos ele como a diferença entre o ROIC (Retorno sobre o Capital Investido) e o custo do capital investido na empresa (WACC).
A ideia central do EVA é que uma empresa só cria valor quando seus retornos sobre o capital investido excedem o custo desse capital.
Em outras palavras, não basta que a empresa seja lucrativa; ela precisa gerar retornos superiores ao custo de oportunidade do capital empregado.
O EVA foi desenvolvido pela consultoria Stern Value Management, liderada por Joel Stern e Bennett Stewart, na década de 1980.
Desde então, tem sido amplamente adotado por empresas ao redor do mundo como uma métrica de desempenho e uma ferramenta de gestão financeira.
Fórmula do EVA
A fórmula básica para o cálculo do EVA é:
EVA = NOPAT – (Capital Investido x Custo de Capital)
Onde:
NOPAT: Lucro operacional líquido após impostos
Capital Investido: Capital total empregado na empresa, incluindo capital de giro e imobilizado
Custo de Capital: Custo médio ponderado de capital (WACC)
Vamos analisar cada componente da fórmula em mais detalhes:
NOPAT
O NOPAT representa o lucro operacional da empresa após o pagamento de impostos, mas antes do custo do capital.
NOPAT = Lucro Operacional x (1 – Alíquota de Impostos)
Por exemplo, se uma empresa tem um lucro operacional de R$ 1.000.000 e uma alíquota de impostos de 30%, o NOPAT seria:
NOPAT = R$ 1.000.000 x (1 – 0,30) NOPAT = R$ 700.000
Capital Investido
O Capital investido indica o montante (em R$) investido na operação da companhia. Na prática, é o Imobilizado + Necessidade de Capital de Giro.
Em algumas literaturas, o Capital Investido é definido como Dívida Líquida + Patrimônio Líquido. Preferimos a primeira abordagem, pois na maioria das empresas o Patrimônio Líquido está desatualizado e não reflete adequadamente o capital investido pelos sócios.
Capital Investido = Necessidade de capital de giro + Imobilizado
Por exemplo, se uma empresa tem uma Necessidade de capital de giro de R$ 5.000.000 e um Imobilizado de R$ 3.000.000, o capital investido seria:
Capital Investido = R$ 5.000.000 + R$ 3.000.000 Capital Investido = R$ 8.000.000
Custo de Capital
O custo de capital representa o retorno mínimo exigido pelos investidores (acionistas e credores) para fornecer capital à empresa.
Utilizamos o modelo de custo médio ponderado de capital (WACC), que leva em consideração o custo da dívida e o custo do capital próprio, ponderados pela proporção de cada fonte de capital na estrutura de capital da empresa.
O cálculo do WACC envolve diversos componentes, como a taxa livre de risco, o prêmio de risco do mercado, o beta da empresa e o custo da dívida.
Para simplificar, vamos considerar que o custo de capital da empresa é de 12% ao ano.
Exemplo Prático
Agora que entendemos os componentes da fórmula do EVA, vamos aplicá-la em um exemplo prático. Considere a empresa XYZ com os seguintes dados:
Lucro Operacional: R$ 2.000.000
Alíquota de Impostos: 30%
Imobilizado: R$ 10.000.000
Necessidade de capital de giro: R$ 5.000.000
Custo de Capital (WACC): 12% ao ano
Primeiro, calculamos o NOPAT: NOPAT = R$ 2.000.000 x (1 – 0,30) NOPAT = R$ 1.400.000
Em seguida, determinamos o capital investido: Capital Investido = R$ 10.000.000 + R$ 5.000.000 Capital Investido = R$ 15.000.000
Agora, aplicamos a fórmula do EVA:
EVA = R$ 1.400.000 – (R$ 15.000.000 x 0,12) = R$ 1.400.000 – R$ 1.800.000
EVA = -R$ 400.000
O resultado negativo indica que a empresa XYZ destruiu valor no período analisado, pois seus retornos sobre o capital investido foram inferiores ao custo desse capital.
Vantagens do EVA
O indicador apresenta diversas vantagens como métrica de desempenho financeiro:
Alinhamento com a criação de valor: O EVA alinha os interesses dos gestores com os dos acionistas, incentivando a tomada de decisões que maximizem a criação de valor para a empresa.
Consideração do custo de capital: Ao levar em conta o custo de capital, o EVA reconhece que os recursos investidos na empresa têm um custo de oportunidade e que os retornos devem superar esse custo para criar valor.
Comparabilidade entre empresas: O EVA permite comparar o desempenho econômico de diferentes empresas, independentemente de seu tamanho ou setor de atuação, uma vez que leva em consideração o capital investido e o custo desse capital.
Ferramenta de gestão: O EVA pode ser usado como uma ferramenta de gestão para definir metas, avaliar projetos de investimento, determinar a remuneração de executivos e identificar áreas de melhoria na empresa.
Limitações do EVA
Apesar de suas vantagens, o EVA também apresenta algumas limitações:
Complexidade de cálculo: O cálculo do EVA envolve ajustes contábeis e estimativas subjetivas, como o custo de capital, o que pode torná-lo complexo e sujeito a interpretações diferentes.
Foco no curto prazo: Se mal utilizado, o EVA pode levar a uma ênfase excessiva em resultados de curto prazo, em detrimento de investimentos de longo prazo que podem criar valor sustentável para a empresa.
Sensibilidade a premissas: O resultado do EVA é sensível às premissas utilizadas em seu cálculo, como a alíquota de impostos e o custo de capital. Pequenas variações nessas premissas podem levar a conclusões diferentes sobre a criação de valor da empresa.
Aplicações do EVA na Gestão Financeira
Avaliação de desempenho: As empresas podem usar o EVA para avaliar o desempenho econômico da organização como um todo, bem como de suas unidades de negócio e projetos individuais. Ele permite identificar as áreas que estão criando ou destruindo valor.
Definição de metas: As empresas podem estabelecer metas baseadas no EVA, buscando maximizar a criação de valor ao longo do tempo. Podemos desdobrar essas metas em objetivos específicos para cada área da empresa.
Remuneração de executivos: O EVA pode ser incorporado aos sistemas de remuneração variável dos executivos, alinhando seus incentivos com a criação de valor para os acionistas. Isso pode ser feito por meio de bônus, ações ou opções atreladas ao desempenho do EVA.
Alocação de capital: O EVA pode auxiliar na tomada de decisões de alocação de capital, priorizando os investimentos que apresentam maior potencial de criação de valor. As empresas devem priorizar projetos com EVA positivo em relação àqueles com EVA negativo.
Comunicação com investidores: As empresas podem usar o EVA como uma métrica de comunicação com investidores, demonstrando seu compromisso com a criação de valor e a eficiência na gestão do capital.
Conclusão
Sendo assim, o EVA é uma medida de desempenho financeiro que busca quantificar a criação de valor de uma empresa, levando em consideração o custo do capital investido.
Ele alinha os interesses dos gestores com os dos acionistas e fornece uma visão abrangente da eficiência econômica da empresa.
Ao aplicar o indicador na gestão financeira, as empresas podem, assim, tomar decisões mais embasadas. Além disso, podem priorizar investimentos com maior potencial de criação de valor, estabelecer metas alinhadas com a maximização do valor e, por fim, comunicar de forma efetiva com os investidores.
No entanto, é importante reconhecer as limitações do EVA, como sua complexidade de cálculo, a possibilidade de ênfase excessiva no curto prazo e a desconsideração de fatores não financeiros.
As empresas devem usar o EVA como uma ferramenta complementar, juntamente com outras métricas e análises qualitativas, para uma avaliação abrangente de seu desempenho.
Se sua empresa busca aprimorar a gestão financeira e a criação de valor, a Equitye pode ajudar.
Nossos serviços de controladoria terceirizada incluem a implementação e o acompanhamento de métricas como o EVA, além de fornecer insights estratégicos para a tomada de decisões financeiras.
Entre em contato conosco para saber mais sobre como podemos auxiliar sua empresa a alcançar seus objetivos de longo prazo e maximizar o valor para os acionistas.